domingo, 5 de abril de 2020

Sobre livros e sobre a vida. . .

Amo ler. Desde pequena. Cresci devorando livros.
Minha alegria era descobrir novos mundos, visões e versões de histórias. Apaixonar-me por um personagem e torcer para que seus caminhos fossem de sucesso ou chorar quando o final de algo não era o esperado por mim. Sou daquelas que faz caretas, que ri e sofre quando lê. Esqueço da vida. 
Alguns livros tem passagens que me marcaram profundamente. E, muitas vezes, partes do que li me voltam à memória. 
Uma das leituras que me marcou foi o Diário de Anne Frank, li na adolescência . Lembro que a cada trecho eu pensava: como alguém tão nova pode escrever tão bem e tocar nossa alma?  Criei uma empatia imensa com a personagem e sofri junto. Ainda mais por se tratar de algo real. Há uns dois anos, li um livro chamado A bibliotecária de Auschwitz, que também me tocou profundamente. E em determinado momento cita a chegada de Anne ao campo de concentração e me fez recordar com toda força aquela leitura da minha adolescência. Já li bastante livros sobre a temática. E creio que é importante não nos esquecermos dessa parte da história tão pesada e triste, para que não se repita. 
Nesse momento, estamos isolados em casa. Mas diferentemente do que ocorreu na Alemanha, não estamos sendo maltratados, subjugados, discriminados. Estamos nos protegendo de um vírus que está deixando muitos mortos e doentes. É um pedido para que fiquemos em casa e só saiamos quando estritamente necessário, 
Lembrei muito dos livros sobre o holocausto, por conta da família de Anne ficar escondida meses  em um sótão, para não serem mortos. Ou se isolavam, se escondendo, ou eram mandados para os temidos campos de concentração. 
E lembro de outras cenas de diversos livros em que as pessoas ficavam felizes por acharem um casca de batata para comer, de terem recebido um dente de alho e terem saboreado como se fosse um chocolate importado caríssimo ou de não terem absolutamente nada para comer mas estarem gratas por estarem vivas. O que me deprime nesse momento, lembrando dessas histórias, é saber que há pessoas que possuem alimento e conforto em casa e insistem em sair para a rua, sem se preocupar em adoecer ou deixar quem está ao seu redor doente. Nos relatos dos livros sobre o que o Nazismo fez com os judeus, li tanto sobre pessoas buscando sobreviver a tudo de mais cruel que ocorreu com elas, que fico indignada com o desprezo pela vida que muitos apresentam.
Mas entendo também que em muitos casos há aquele sentimento de negação: " Não quero ver". "Não quero falar sobre". "Não quero me comprometer". "Quero viver o momento hoje"." Estou bem e é isso que importa". - Porém, quando o arrependimento chega, pode não haver mais tempo.

Eu quero tanto viver bem com meus filhos e familiares. Quero estar com os meus amigos . Quero estar com os meus alunos . Quero as pessoas vivas, crescendo e progredindo.

Que nossos anjos protetores possam estar ao nosso lado , cuidando para que todos passemos por isso e fiquemos bem. Que possamos aprender a respeitar a natureza, o mundo em que estamos, zelar por nossas vidas  e valorizar o 'ser' em  lugar do' ter'.  


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