segunda-feira, 13 de abril de 2020

Um amor felino


O Amarelo nasceu na garagem de casa, filho de uma gata que andava pelos arredores e que acabou sendo adotada também. Da ninhada de cinco gatos, ficamos com três. Íamos chamá-lo de Tigrão, mas era tão medroso, que não combinava. Quando alguém chegava na minha casa, se escondia atrás da geladeira.


Ele foi um gato super amoroso, ficou conosco por 19 anos. Partiu ontem, no domingo de Páscoa. O único domingo de Páscoa que não passei com minha mãe, por conta da necessidade de isolamento social que estamos vivendo. Ele estava magrinho. Já não conseguia se equilibrar direito. Mas respondia com seu miado quando falávamos com ele.

Era daqueles gatos que você não podia manter contato visual porque ele vinha em sua direção e não parava mais de pedir carinho.

Minha amiga falava que ele era o gato Highlander, porque era imortal. Na verdade, já tinha passado por uns maus bocados.  Ele ficou aleijado, infelizmente. Alguém deu uma paulada, na coluna. Só percebemos porque ele chegou em casa cambaleando e depois, parou de andar. Fizemos o tratamento ,mas ele ficou com sequelas. Ele andava se apoiando em três patas. Uma pata da frente ficou enrijecida, não dobrava. A pancada atingiu a medula óssea, causando a paralisia parcial. Na época o veterinário disse que amputar seria uma solução. Mas, o bichinho já tinha sofrido tanto e não faria muita diferença .
Decidimos mantê-lo assim. E ele subia e descia escadas, pulava no sofá, corria do jeito dele.. só não podia sair na rua porque ainda queria brigar.


Antes disso de tudo isso acontecer, ele já tinha sido envenenado. Conseguimos salvá-lo porque ele tinha gastrite e vomitou parte do veneno. A irmã Esmeralda não teve a mesma sorte.  ( Hoje percebo a importância de se criar os animais dentro de casa, a criação indoor, mas antes eu não entendia a dimensão dos problemas que podem ocorrer na rua)  Eu não sei o que leva uma pessoa a matar ou maltratar animais. Não consigo conceber a ideia de envenenar uma animalzinho porque não gosta dele. É muita crueldade. Tem que ter muita maldade no coração para envenenar um bicho e ficar vendo ele morrer, ou torcendo para isso. Eu amo os bichos. E dispenso o maior amor que posso a eles. Quem maltrata um animal é alguém que ainda não aprendeu a amar.

Foram quase 20 anos compartilhando momentos em família. E eu nem sabia que os gatos podiam viver tanto assim. Que privilégio pudemos ter. Ele foi um anjo de quatro patas que nos presenteou com seus miados, ronrons e olhos apaixonados. Vou guardar na minha memória e no meu coração.

                     Vai, Amarelo, brincar com as estrelas e ronronar nas nuvens de algodão... 


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