domingo, 24 de maio de 2020

Dias cinzas

Dizem que a dor transforma as pessoas.
Mas há pessoas que parecem não sentir dor, a não ser a do seu próprio ego.
Elas não possuem empatia.
E solidariedade é algo que não conhecem.
São duras e frias.
Egoístas. 
Diante da morte de mais de 22000 brasileiros, saem empenhando bandeiras como se fossem armas. 
Vestem a camiseta do país como armaduras. E  bradam gritos de ódio a quem discorda do que pregam.São as pessoas de bem de hoje, patriotas brasileiros que desfilam com roupas dos States. Que defendem políticos que fazem piada com as minorias. 
Somente a vida delas importa. 
Desfilando em carros importados querem que seus funcionários voltem a trabalhar, sem proteção adequada, sem transporte adequado, com salário reduzido pelo bem da nação, que pra eles se resume na figura do patrão que ficará protegido em casa, tendo um plano de assistência médica que permite ser transferido de helicóptero. 
Vivemos tempos difíceis  em que muitos acham que a opinião vale mais do que a ciência e por esse motivo saem espalhando notícias falsas para fazerem valer aquilo que pensam.
Justificam preconceito como liberdade de expressão. Colocam seu direito acima de qualquer outro. Querem fazer valer pela força imposta suas opiniões deturpadas como verdades a serem aceitas sem quaisquer questionamentos.
Muitas vezes li livros que falavam sobre o nazismo, fascismo. Mas via isso com olhos distantes. E me perguntava como as coisas aconteceram, como as pessoas podiam ter comprado aquelas ideias e apoiado  pessoas daquele tipo. Lamentavelmente , hoje a resposta está bem diante dos meus olhos.



domingo, 10 de maio de 2020

Sobre o dia de hoje

Hoje é dia das mães.
Em algumas casas haverá encontros, abraços e festa.
Em outras, resguardo.
Em muitas, sorrisos.
Em tantas outras, ausências.
A data não passa em vão.
A força motriz da vida é a mãe.
Nem todas sentem do mesmo modo.
Nem todas querem ser mães.
Mas todas , mal ou bem, tiveram suas mães.
Presentes.
Imperfeitas.
Ausentes. 
Necessárias.
Dispensáveis.
Amorosas.
Lastimáveis.
Todas vieram de uma mãe, de uma mulher.
Seja por amor ou só pela dor. 
Mais do que dia das mães, dia de pensar nas relações que ocorrem para que as mulheres se tornem mães. De refletir sobre a mulher e seus desejos, suas possibilidades e escolhas. E também frustrações. 
Ser mãe é dar oportunidade à vida e muitas vezes abrir mão da própria vida, de quem gostaria de ser. 
Nem sempre é uma escolha. Inúmeras vezes é imposição. 
Não há a receita pronta da mãe que todas deveriam ser. Isso é uma mentira imposta. A maternidade nem sempre é romântica e feliz.
Neste dia, a proposta é ouvir e acolher, não apenas felicitar. 
Ouça uma mãe. 
Ouça uma mulher que ainda não é mãe.
Ouça uma mulher que não quer ser mãe.
Ouça uma mulher que não pode ser mãe. 
Seja ouvidos e não julgamentos.
Cada uma sabe das dores, anseios e desejos.
Esteja atento aos preconceitos que a sociedade  impõe e assumimos como nossas verdades. 
Abra seu coração para acolher o que é diferente dos seus ideiais.
A vida é mais colorida quando permitimos ver além das cores que escolhemos para nós. 




segunda-feira, 4 de maio de 2020

Em casa

Todo dia quero ficar bem.
Não falar de política.
Ignorar números de morte crescentes.
Ter esperança de que tudo passará bem rápido.
Crer que as coisas estão melhorando.
Mas não dá pra deixar a preocupação de lado se você acompanha a realidade dos fatos e choca-se com a irresponsabilidade alheia, com o descaso, com a soberba existente diante do caos.
Um dia de cada vez.
E muitas mortes no meio!
Que tempos, senhores
Que tempos!

sexta-feira, 1 de maio de 2020

01/05 + 6329

Enquanto a morte não tem nome, não causa medo.
Enquanto a dor não é tua, não te importa.
Enquanto a perda é do outro, não te toca.
Enquanto a empatia não fizer morada, não teremos humanidade.
Enquanto o egoísmo falar mais alto, morreremos aos montes.