sábado, 24 de outubro de 2020

156.528


'Todos iguais, todos iguais ...  
 Mas uns mais iguais que os outros...'

Gessinger falava sobre as pessoas e eu me aproprio da frase para falar também sobre os dias que se repetem eternamente após 7 meses de reclusão.
A normalidade se instalou sobre o caos.
A preocupação básica são as eleições. Promover a si próprio.
Assim como as pessoas que furaram a quarentena para postar fotos nos stories.
O governo ruim é reflexo de uma população alienada, emburrecida, egoísta.
Se o isolamento tivesse sido feito corretamente, em pouco tempo teríamos voltado à (quase) normalidade dos nossos dias. 
Um presidente negacionista somando- se a clandestinidade de festas, encontros, passeios promovida por celebridades incentivou as pessoas a arriscarem sua vida e de seus familiares. 
Seguimos nesse barco à deriva. 
Cada dia com mais baixas, que não causam mais assombro.
Uma minoria reflete e se entristece. Mas continua firme em suas convicções esperando dias melhores. 
Não está pior justamente por conta dessa minoria que teima em florescer do asfalto, plantando sementes em todos os cantos, semeando o bem em todos os lugares. 


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Um mini desabafo

Ainda estamos no olho do furacão.
A diferença é que muitos acostumaram a estar. 
E tantos outros nem ligam.
Temos um governo que reflete o povo que tem.
A maioria é de gente que só pensa em si mesma ou em levar vantagem.
Fico muito preocupada porque o povo ainda vai sofrer muito antes desse país melhorar, já se foram mais de 142 mil brasileiros e o comportamento de muitos não mudou, não melhorou.
Vejo a praça perto de casa que é limpa constantemente pela subprefeitura e é linda sempre cheia de sujeira, latas e garrafas de bebidas alcóolicas nas manhãs quase todos os dias. Isso me deixa muito mal.
Moradores dos arredores incapazes de recolher o cocô de seus cachorros mas que fazem questão de passear todos os dias com os Lulus da Pomerânia, shitsus ou llasa apsos, que são os cães da moda.
Se as pessoas não conseguem ter o mínimo de educação e respeito básicos, como vão lidar adequadamente com uma pandemia?
Tristeza me define. 
Desânimo também.
Ainda bem que tenho fé. Ela me segura.



sábado, 19 de setembro de 2020

Pátria amada, dilacerada... Brasil

 E não basta o descaso,

Palavras de escárnio,

Atitudes de desprezo.

Há também a ambição desmedida

Que queima nossas matas,

Assassina nossos animais

Dizima todo um bioma.

Os dias são cinzas.

As dores alheias ardem.

O mundo chora por tanto descaso.

Uma parte da população choca-se com tanta devastação,

O restante permanece cego, incapaz de enxergar o retrocesso.

Mais mortal do que o vírus que causou essa pandemia 

É a falta de amor, humanidade e respeito à natureza que assola nosso chão. 


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

O amor nosso de todos os dias


Gosto quando nossos olhos se encontram
E desviam-se quase que imediatamente
Escondendo-se atrás de um sorriso
E da vontade de mais uma vez se olharem.

Gosto quando meu coração acelera
E um tremor percorre toda minha alma
Tento em vão disfarçar a adrenalina que me percorre
Querendo negar o sentimento que me arrebata

Gosto quando sou lembrada 
E recebo pequenas gentilezas
Quando a admiração transborda nos gestos
E o que não foi dito com palavras aparece em atitudes.

Gosto quando fala meu nome
E sorrindo, espera que eu responda
Saboreando cada sílaba minha
Como se fosse a mais bela canção.

Gosto do amor que transborda
Dos carinhos fortuitos
Do beijo roubado 
Do abraço que não termina.

Gosto de me sentir feliz
De ter certeza da lealdade
De dividir canções
De compartilhar um café.

Gosto da espera na janela
De olhar você vindo no caminho
Do sorriso que se arma
Ao respirar sua presença.

Gosto de falar sobre um livro que li
E saber que você escuta com infinito interesse
Que me devora com seus olhos
E espera por mim todos os dias com a mesma imensa consideração.








quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Quase 6 meses, 123.780 mortos



Tem dias que são melhores do que os outros.
E dias que são infinitamente piores.
As mortes ainda são números crescentes. 
E o esforço do governo do país vai na contra mão do bom senso. 
A situação não é pior porque há ainda muitas pessoas mantendo isolamento mesmo que as praias estejam cheias em um dia de sol ou os bares lotados, com pessoas achando o máximo ostentar uma máscara no queixo enquanto tiram selfies com um copo de cerveja na mão. 
Os que permanecem em casa buscam manter a sanidade, exercem a paciência, pensando em si e no próximo. Lutam contra as imagens absurdas mostradas na tevê ou discursos de escárnio sendo ditos aos quatro ventos pelo presidente do país.
Mesmo que existam mortes de amigos e parentes, há uma parte da humanidade que não mudou. Não melhorou. E segue ostentando seu egoísmo e falta de amor ao próximo.
Esse vírus tem mostrado o melhor e o pior da humanidade. 
Ainda iremos derramar muitas lágrimas. 
Temos muito a melhorar. 

domingo, 9 de agosto de 2020

Um dia de cada vez



Passamos dos cem mil mortos oficialmente.
É um dia dos pais que muitos chorarão suas perdas recentes.
Um domingo de luto para muitas famílias .
Somos um país que banalizou a morte.
Enquanto morriam 500 pessoas por dia na Europa, assistíamos a cenas com pesar e assombro. Hoje estamos perdendo 1000 brasileiros por dia e essa realidade parece não nos afetar.
Mais do que os cem mil mortos pela Covid, temos vistos corações que já morreram há muito tempo. Incapazes de olhar para o lado e de se compadecer com a dor alheia.
O que mais me deixa abismada é que  tantas pessoas ainda defendam um governo que nada fez para que essa situação fosse controlada, que faz piada com a morte e desdenha dos números, como se fosse obra unicamente do destino e não tivesse a sua mão omissa nessa quantidade de óbitos. 
O descaso me assombra. Quantos mais irão morrer até que essa pandemia deixe nosso país? 

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Uma prece

No meio do cimento, muitas vezes uma sementinha consegue burlar todo o concreto e encontrar um caminho , um meio de esticar um ramo. E nasce uma flor. Um pé de planta teimoso e resiliente.
Que em meio a esse caos que nos encontramos sejamos essa semente, que cresce e sobrevive. Que lida com tudo que não é saudável e belo e encontra um caminho pra crescer. Que enfrentemos essa pandemia com esperança de ver a luz e dias melhores. Que possamos não apenas sobreviver mas viver...

terça-feira, 28 de julho de 2020

As perdas nossas de cada dia

Tem um momento que a gente não quer mais contar os números de quem se foi.
Não quer ver a dor alheia - como forma de defesa.
Porque ter medo também dói.
Paralisa.
Acelera os batimentos.
Te faz acordar na madrugada.
Embaralha os seus pensamentos.
Mas quando os números não param de crescer.
É impossível não ver.
A doença está ao lado.
Ausências se fazem cada vez mais presentes.
E mais perto de você.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

A dor em números

17 de março = 1 morto
17 de abril = 2.141 mortos
17 de maio = 15.663 mortos
17 de junho = 45.456 mortos
17 de julho = 76.822 mortos

quinta-feira, 9 de julho de 2020

69.184

Outro mês.
Inúmeras mortes.
Mães que deixaram seus filhos.
Filhos que deixaram seus pais.
Amores que não puderam ser vividos.
Beijos e abraços que não serão mais dados.
Nascimentos que foram impedidos.
Sorrisos que se desfizeram nos lábios.
Lágrimas que não param de pingar dos olhos de muitas famílias.
E ainda sim, há pessoas que não se comovem com a dor alheia.
Seguimos em grupos.
Os que se isolam.
Os que se isolam só quando é conveniente, fugindo do trabalho, mas furando isolamento para festas e encontros.
Os que querem se isolar e não podem.
Os que podem isolar e que não querem.
A pandemia não mostra só o caos nos hospitais e a situação ao redor do mundo, mostra o melhor e o pior dos seres humanos. Nunca me imaginei nesse cenário, vendo tantas mortes nos arredores e tantos negando esses fatos.
Governantes que não se entendem. Uns querem proteger a população, outros buscam satisfazer o interesse dos grandes empresários, alguns pensam apenas nas próximas eleições. Declarações públicas que confundem as pessoas, que incitam brigas e enganam muitos.
Estamos em meio a um imenso cenário de guerra.
Remando com a fé diante desse turbilhão de incertezas.
Vivemos esperando dias melhores, notícias melhores, um mundo melhor.
Que Deus nos ajude.



sexta-feira, 5 de junho de 2020

34.021

Mais um mês se passou.
Muitas história se encerraram.
Lágrimas estão sendo derramadas.
Corações seguem despedaçados.
O medo ainda assola nossas vidas.
A desigualdade social crescente segue fazendo vítimas.
A dor permanece.
O descaso ainda é imenso.
Os números não diminuíram, eles aumentam assustadoramente.
Continuamos mantendo a fé, porque somente ela nos resta.
A pergunta é: até quando?

domingo, 24 de maio de 2020

Dias cinzas

Dizem que a dor transforma as pessoas.
Mas há pessoas que parecem não sentir dor, a não ser a do seu próprio ego.
Elas não possuem empatia.
E solidariedade é algo que não conhecem.
São duras e frias.
Egoístas. 
Diante da morte de mais de 22000 brasileiros, saem empenhando bandeiras como se fossem armas. 
Vestem a camiseta do país como armaduras. E  bradam gritos de ódio a quem discorda do que pregam.São as pessoas de bem de hoje, patriotas brasileiros que desfilam com roupas dos States. Que defendem políticos que fazem piada com as minorias. 
Somente a vida delas importa. 
Desfilando em carros importados querem que seus funcionários voltem a trabalhar, sem proteção adequada, sem transporte adequado, com salário reduzido pelo bem da nação, que pra eles se resume na figura do patrão que ficará protegido em casa, tendo um plano de assistência médica que permite ser transferido de helicóptero. 
Vivemos tempos difíceis  em que muitos acham que a opinião vale mais do que a ciência e por esse motivo saem espalhando notícias falsas para fazerem valer aquilo que pensam.
Justificam preconceito como liberdade de expressão. Colocam seu direito acima de qualquer outro. Querem fazer valer pela força imposta suas opiniões deturpadas como verdades a serem aceitas sem quaisquer questionamentos.
Muitas vezes li livros que falavam sobre o nazismo, fascismo. Mas via isso com olhos distantes. E me perguntava como as coisas aconteceram, como as pessoas podiam ter comprado aquelas ideias e apoiado  pessoas daquele tipo. Lamentavelmente , hoje a resposta está bem diante dos meus olhos.



domingo, 10 de maio de 2020

Sobre o dia de hoje

Hoje é dia das mães.
Em algumas casas haverá encontros, abraços e festa.
Em outras, resguardo.
Em muitas, sorrisos.
Em tantas outras, ausências.
A data não passa em vão.
A força motriz da vida é a mãe.
Nem todas sentem do mesmo modo.
Nem todas querem ser mães.
Mas todas , mal ou bem, tiveram suas mães.
Presentes.
Imperfeitas.
Ausentes. 
Necessárias.
Dispensáveis.
Amorosas.
Lastimáveis.
Todas vieram de uma mãe, de uma mulher.
Seja por amor ou só pela dor. 
Mais do que dia das mães, dia de pensar nas relações que ocorrem para que as mulheres se tornem mães. De refletir sobre a mulher e seus desejos, suas possibilidades e escolhas. E também frustrações. 
Ser mãe é dar oportunidade à vida e muitas vezes abrir mão da própria vida, de quem gostaria de ser. 
Nem sempre é uma escolha. Inúmeras vezes é imposição. 
Não há a receita pronta da mãe que todas deveriam ser. Isso é uma mentira imposta. A maternidade nem sempre é romântica e feliz.
Neste dia, a proposta é ouvir e acolher, não apenas felicitar. 
Ouça uma mãe. 
Ouça uma mulher que ainda não é mãe.
Ouça uma mulher que não quer ser mãe.
Ouça uma mulher que não pode ser mãe. 
Seja ouvidos e não julgamentos.
Cada uma sabe das dores, anseios e desejos.
Esteja atento aos preconceitos que a sociedade  impõe e assumimos como nossas verdades. 
Abra seu coração para acolher o que é diferente dos seus ideiais.
A vida é mais colorida quando permitimos ver além das cores que escolhemos para nós. 




segunda-feira, 4 de maio de 2020

Em casa

Todo dia quero ficar bem.
Não falar de política.
Ignorar números de morte crescentes.
Ter esperança de que tudo passará bem rápido.
Crer que as coisas estão melhorando.
Mas não dá pra deixar a preocupação de lado se você acompanha a realidade dos fatos e choca-se com a irresponsabilidade alheia, com o descaso, com a soberba existente diante do caos.
Um dia de cada vez.
E muitas mortes no meio!
Que tempos, senhores
Que tempos!

sexta-feira, 1 de maio de 2020

01/05 + 6329

Enquanto a morte não tem nome, não causa medo.
Enquanto a dor não é tua, não te importa.
Enquanto a perda é do outro, não te toca.
Enquanto a empatia não fizer morada, não teremos humanidade.
Enquanto o egoísmo falar mais alto, morreremos aos montes.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

O que vejo da janela da sala

O passarinho no jardim só quer aproveitar a calmaria. E encontrar insetos para que possa alimentar seus filhotes no ninho.
O gato na janela só quer ver passar o tempo, do jeito que lhe é peculiar.
O cachorro no quintal observa o pouco movimento e torce para que uma moto passe tirando-lhe o sossego.
A mãe em casa só quer adiantar o serviço que nunca termina. E descansar uns quinze minutos sem ser solicitada por ninguém.
As crianças querem agitação. E agora se contentam com o fato de não fazerem lição ou irem à escola.
E assim a vida segue.
Uns em casa.
Outros na rua.
Muitos agradecendo.
E também alguns reclamando.
Necessidades individuais muitas vezes sobrepondo as necessidades coletivas.
Egos inflados que não percebem o seu semelhante.
Não deveria ser assim. Poucos usufruindo de muito. Muitos tendo apenas o mínimo.
A maior diferença está nas atitudes de cada um.
Poucos agradecendo o muito que possuem e dividindo o que tem.
Muitos agradecendo o pouco que tem e mostrando solidariedade a quem precisa.
Nos momentos de crise percebemos o valor dos gestos, das falas e das posturas.
Cada qual mostra o melhor ou pior de si mesmo.
No jardim da vida, nem tudo é flor.
Quando tudo passar, que criem raízes os bons exemplos e floresçam as boas atitudes. 
Que sequem as ervas daninhas. E possamos plantar somente o que nos faz bem. 






segunda-feira, 13 de abril de 2020

Um amor felino


O Amarelo nasceu na garagem de casa, filho de uma gata que andava pelos arredores e que acabou sendo adotada também. Da ninhada de cinco gatos, ficamos com três. Íamos chamá-lo de Tigrão, mas era tão medroso, que não combinava. Quando alguém chegava na minha casa, se escondia atrás da geladeira.


Ele foi um gato super amoroso, ficou conosco por 19 anos. Partiu ontem, no domingo de Páscoa. O único domingo de Páscoa que não passei com minha mãe, por conta da necessidade de isolamento social que estamos vivendo. Ele estava magrinho. Já não conseguia se equilibrar direito. Mas respondia com seu miado quando falávamos com ele.

Era daqueles gatos que você não podia manter contato visual porque ele vinha em sua direção e não parava mais de pedir carinho.

Minha amiga falava que ele era o gato Highlander, porque era imortal. Na verdade, já tinha passado por uns maus bocados.  Ele ficou aleijado, infelizmente. Alguém deu uma paulada, na coluna. Só percebemos porque ele chegou em casa cambaleando e depois, parou de andar. Fizemos o tratamento ,mas ele ficou com sequelas. Ele andava se apoiando em três patas. Uma pata da frente ficou enrijecida, não dobrava. A pancada atingiu a medula óssea, causando a paralisia parcial. Na época o veterinário disse que amputar seria uma solução. Mas, o bichinho já tinha sofrido tanto e não faria muita diferença .
Decidimos mantê-lo assim. E ele subia e descia escadas, pulava no sofá, corria do jeito dele.. só não podia sair na rua porque ainda queria brigar.


Antes disso de tudo isso acontecer, ele já tinha sido envenenado. Conseguimos salvá-lo porque ele tinha gastrite e vomitou parte do veneno. A irmã Esmeralda não teve a mesma sorte.  ( Hoje percebo a importância de se criar os animais dentro de casa, a criação indoor, mas antes eu não entendia a dimensão dos problemas que podem ocorrer na rua)  Eu não sei o que leva uma pessoa a matar ou maltratar animais. Não consigo conceber a ideia de envenenar uma animalzinho porque não gosta dele. É muita crueldade. Tem que ter muita maldade no coração para envenenar um bicho e ficar vendo ele morrer, ou torcendo para isso. Eu amo os bichos. E dispenso o maior amor que posso a eles. Quem maltrata um animal é alguém que ainda não aprendeu a amar.

Foram quase 20 anos compartilhando momentos em família. E eu nem sabia que os gatos podiam viver tanto assim. Que privilégio pudemos ter. Ele foi um anjo de quatro patas que nos presenteou com seus miados, ronrons e olhos apaixonados. Vou guardar na minha memória e no meu coração.

                     Vai, Amarelo, brincar com as estrelas e ronronar nas nuvens de algodão... 


sexta-feira, 10 de abril de 2020

O lugar que a saudade ocupa. . .

Hoje eu estava descascando batatas e de repente me lembrei da minha avó.
Ela não descascava como eu, que tiro uns pedações da batata dependendo da pressa. Ela retirava a pele da batata, ficava linda. Mesmo com as mãos atrofiadas pelo reumatismo que a castigou por décadas, enquanto pode descascar, o fazia com perfeição. 
Minha avó fazia alguns pratos que somente ela sabia fazer, pastel de forno e um frango cor de laranja maravilhosos. Que baita saudade me dá. 
Na mesa da cozinha da minha avó , conversávamos e nos reuníamos sempre. Lá aprendi a tomar café puro. Hoje um vício. 
 No quintal dos fundos da casa passei boa parte da infância. Lembro da horta, das rosas, das hortênsias e palmas. Da vontade de entrar no barracão que ficava atrás do galinheiro e fuçar nos livros, malas e recordações antigas. 
Lá nunca teve campainha. Tínhamos que bater palmas quando chegássemos. Mas preferíamos gritar. Tinha uma papagaio na casa ao lado que quando gritávamos, ele gritava também : Ôôô, Vóóóóó! 
Lá também aprendi a gostar de gatos. E de plantas. Embora não seja muito boa com plantas, me dou muito bem com gatos. Minha avó teve tantos que até perdi a conta. E o engraçado, os gatos que moravam na casa dela eram só machos. Só hoje me dou conta disso. 
Eu e minha irmã temos muito boas lembranças. 
Gostaria de voltar no tempo e ouvir suas histórias. Ouvi muitas, vivi tantas, mas queria mais. 
Que saudade, vó. Que os anjos estejam fazendo companhia e alegrando seus dias no alto.
Beijos e abraços apertados. 


quinta-feira, 9 de abril de 2020

Teimosia

Daqui do meu umbigo, só vejo o que eu quero.
Eu sempre tenho razão.
Sou mais esperto do que os outros.
Vejo o que ninguém vê.
Falo com convicção.
Bato o pé para provar minha resistência.
Não me canso diante de um negativa.
Estou a frente de suas respostas.
Calculo tudo que será dito.
Sempre tenho respostas.
Elaboro.
Contorno.
Reitero.
A palavra mais importante é a minha.
Faço birra senão quiser me ouvir.
Bato o pé.
Bato boca.
Não me calo.
Falo. 
Falo.
Falo.
Posso estar errado.
Mas venço pelo cansaço.


quarta-feira, 8 de abril de 2020

Amor liberta. 
Paixão prende.
Amor é calmaria.
Paixão é tempestade.
Amor é admiração.
Paixão é vaidade.
Amor é voar num céu tranquilo.
Paixão é queimar em brasa.
Amor é abnegado.
Paixão é egoísta.
Amor é um abraço doce.
Paixão é um beijo que arde.
Amor é luz.
Paixão é chama. 
Amor é escolha.
Paixão é entrega.
Amor é caminhar de mãos dadas.
Paixão é encontro fortuito. 



domingo, 5 de abril de 2020

Sobre livros e sobre a vida. . .

Amo ler. Desde pequena. Cresci devorando livros.
Minha alegria era descobrir novos mundos, visões e versões de histórias. Apaixonar-me por um personagem e torcer para que seus caminhos fossem de sucesso ou chorar quando o final de algo não era o esperado por mim. Sou daquelas que faz caretas, que ri e sofre quando lê. Esqueço da vida. 
Alguns livros tem passagens que me marcaram profundamente. E, muitas vezes, partes do que li me voltam à memória. 
Uma das leituras que me marcou foi o Diário de Anne Frank, li na adolescência . Lembro que a cada trecho eu pensava: como alguém tão nova pode escrever tão bem e tocar nossa alma?  Criei uma empatia imensa com a personagem e sofri junto. Ainda mais por se tratar de algo real. Há uns dois anos, li um livro chamado A bibliotecária de Auschwitz, que também me tocou profundamente. E em determinado momento cita a chegada de Anne ao campo de concentração e me fez recordar com toda força aquela leitura da minha adolescência. Já li bastante livros sobre a temática. E creio que é importante não nos esquecermos dessa parte da história tão pesada e triste, para que não se repita. 
Nesse momento, estamos isolados em casa. Mas diferentemente do que ocorreu na Alemanha, não estamos sendo maltratados, subjugados, discriminados. Estamos nos protegendo de um vírus que está deixando muitos mortos e doentes. É um pedido para que fiquemos em casa e só saiamos quando estritamente necessário, 
Lembrei muito dos livros sobre o holocausto, por conta da família de Anne ficar escondida meses  em um sótão, para não serem mortos. Ou se isolavam, se escondendo, ou eram mandados para os temidos campos de concentração. 
E lembro de outras cenas de diversos livros em que as pessoas ficavam felizes por acharem um casca de batata para comer, de terem recebido um dente de alho e terem saboreado como se fosse um chocolate importado caríssimo ou de não terem absolutamente nada para comer mas estarem gratas por estarem vivas. O que me deprime nesse momento, lembrando dessas histórias, é saber que há pessoas que possuem alimento e conforto em casa e insistem em sair para a rua, sem se preocupar em adoecer ou deixar quem está ao seu redor doente. Nos relatos dos livros sobre o que o Nazismo fez com os judeus, li tanto sobre pessoas buscando sobreviver a tudo de mais cruel que ocorreu com elas, que fico indignada com o desprezo pela vida que muitos apresentam.
Mas entendo também que em muitos casos há aquele sentimento de negação: " Não quero ver". "Não quero falar sobre". "Não quero me comprometer". "Quero viver o momento hoje"." Estou bem e é isso que importa". - Porém, quando o arrependimento chega, pode não haver mais tempo.

Eu quero tanto viver bem com meus filhos e familiares. Quero estar com os meus amigos . Quero estar com os meus alunos . Quero as pessoas vivas, crescendo e progredindo.

Que nossos anjos protetores possam estar ao nosso lado , cuidando para que todos passemos por isso e fiquemos bem. Que possamos aprender a respeitar a natureza, o mundo em que estamos, zelar por nossas vidas  e valorizar o 'ser' em  lugar do' ter'.  


quarta-feira, 1 de abril de 2020

Devaneios


Acabou a pandemia.
Num passe de mágica.
O presidente falou : saíam na rua. E todos saíram. Não aconteceu nada. 
Em vez de adoecermos, nos curamos imediatamente.
Nossas contas foram pagas pelo governo, que ainda depositou a mais para gastarmos como quisermos.
A despensa de todos está cheia.
Nenhum material falta nas escolas.
Hospitais tem pessoal e material suficientes. 
Boletos a vencer já foram quitados pelo governo.
A corrupção e as mentiras dos políticos acabaram.
As drogas já não fazem efeito, os livros e o gosto pelo estudo tomou o lugar dos alucinógenos. 
A polícia inventa brincadeiras para passar o tempo com as crianças, já que os bandidos simplesmente viraram poetas, músicos e artistas de circo.
Professores passaram a ser valorizados.
Prisões viraram bibliotecas.
Presos se redimiram e trabalham para um mundo melhor.
O consumismo deu lugar a ações de reuso e compartilhamento.
A poluição se foi. 
O céu está mais azul. Há mais flores e pássaros.
O amor deu lugar a todo ódio.
A cura se faz em todos lugares e para todas as doenças.
Os indígenas voltaram a ter seus espaços, sem serem incomodados.
A economia vai bem.
O salário de todos é ótimo.
A inveja não existe mais.
O mal se dissipou como se nunca tivesse existido.
Somos uma só nação no mundo.
Não há mais lugar para o ódio.
As traições não existem mais.
Respeito é a nova ordem mundial.
E hoje é primeiro de abril.
Infelizmente.



sábado, 28 de março de 2020

Em busca do equilíbrio

Oscilar é o verbo do meu momento.
Há dias que estou bem e muitíssimo esperançosa.
E outros estou com raiva ou triste. 
Os discursos vazios que fazem piada com os cuidados que devemos ter ou que minimizam a dor da morte me machucam imensamente. 
Creio que é um momento de aprendizado interno e externo.
De organizarmos nossas bagunças.
De buscarmos outros caminhos.
De sermos mais corajosos. 
O mais difícil para mim é não me abater diante de pensamentos negativos que brotam aos montes nesse contexto pesado que enfrentamos. Não poder abraçar meus familiares nesse momento também me oprime bastante.
Apesar dessa névoa que nos rodeia , sei que há forças positivas no universo trabalhando pelo nosso bem. Isso me dá muita força. 
Aos anjos, aos amigos espirituais, aos elementos mágicos da natureza e toda boa energia dos mundos eu agradeço a proteção e continuo acreditando no poder da fé, do amor e de Deus.
Que isso passe logo. Que possamos reencontrar nossos familiares, amigos e nossa melhor parte diante de tudo isso. 

quinta-feira, 26 de março de 2020

Reflexões que a solteirice me traz. . .

Dizem que existe uma regra de etiqueta na paquera.
Mas eu não li esse livro e nem nada do tipo. Não tenho a menor paciência.
Embora tenha paquerado muito em uma vida anterior, desaprendi a flertar.
Já roubei beijos, já fui direto ao assunto, já mandei flores.
Já disse não querendo dizer sim. Aprendi a perder oportunidades e lidar com a frustração posterior. 
E também disse sim querendo dizer não. Disso me arrependo mais.
Hoje não consigo nem encarar alguém por muito tempo. O pensamento vai tão longe e imagino tantas coisas loucas. Quando percebo, o tempo já passou. Já desisti antes de tentar. Não que eu seja frágil  ou espere um príncipe. Mas acho que cansei. Cansei de querer agradar alguém só porque achei bonito, atraente ou interessante. Sabe quando você não está a fim de se auto promover? Simplesmente cansei de querer agradar. Acho que se o amor tiver que aparecer, não será por meio de uma aproximação forçada.
Sou incapaz de me cadastrar em um aplicativo ou site de relacionamentos, como o Tinder ou algo do tipo. Nem em salas de bate-papo entrei quando era jovenzinha... Agora que não entro mais!
Percebo que cansei de conversas que não levam a lugar nenhum, de gente querendo mostrar o que não é ou sendo simpática de uma maneira irritante. Quero ser conquistada por um bom papo, por atitudes condizentes com as palavras. Quero me apaixonar por acaso, não por desespero.
Hoje , assistindo a novela Éramos Seis, em que Lola e Afonso se casam depois de muito se desencontrarem, fiquei emocionada. Porque o amor é lindo, vale à pena e pode acontecer em qualquer momento. 
Acho que em algum lugar tem alguém como eu, querendo as mesmas coisas que eu quero. Que goste de ir para um barzinho bater papo, que goste de música dos anos 80, que também aprecie ficar em casa, que nem sempre esteja de bom humor. Não tem características físicas definidas por alguma tribo específica. Alguém com personalidade , bons beijos e enorme coração. Sigo esperando pra trombar na contramão. Será que ele vem? 



quarta-feira, 25 de março de 2020

Desassossego

É um exercício diário manter a sanidade e a tranquilidade nesses dias de caos que temos vivido.
Estamos em distanciamento social, evitando contato para não adoecermos.
É uma prática necessária mas bastante desgastante principalmente para quem é ansioso.
Ontem, o presidente da república fez um pronunciamento lamentável minimizando todo esse engajamento na quarentena e dizendo que as pessoas deveriam voltar a trabalhar. O mundo todo está errado , na visão dele. E muitos acham que é tudo uma grande bobagem. Ouvir isso me deu até dor de cabeça. Fiquei abismada com tanto despreparo, egoísmo e arrogância. Ele deveria resolver conflitos, prover soluções.
Alguns dizem que estamos todos no mesmo barco. Não, não estamos.
Há barcos, iates, botes e há quem precise nadar somente com o próprio esforço físico. O grande empresário tem os melhores médicos e o melhor acesso aos hospitais. A maioria não tem.  Eles têm fundos de reserva, vários imóveis e dinheiro no exterior. A maioria tem o dinheiro contado para a condução. Eu não quero adoecer e não quero que as pessoas ao meu redor adoeçam.
O grande empresário não se importa com quem vai fazer o trabalho, ele quer que alguém o faça. Morreu, substitui. Faltou, substitui. E assim, muitos não tem opções. Ou morrem de fome ou da doença. E sim, as pessoas estão morrendo. Creio que os números informados pela televisão sejam menores do que dizem. Somente quando se instalar o verdadeiro caos é que teremos noção do estrago causado por esse vírus. Gostaria de estar errada ou alienada nesse momento. O sofrimento psíquico seria menor.

Hoje tocaram minha campainha, uma senhora que mora sozinha veio me perguntar se eu sabia quem havia morrido. Ela manteve a distância da minha porta entreaberta unicamente porque minha cachorra ladrava enlouquecida entre minhas pernas. Passei as informações básicas. Logo entrei. Mas fica uma sensação muito estranha, taquicardia, medo, receio, cabeça fervilhando.  
E sim, houve duas mortes nesse mês no meu bloco. Uma senhora que já estava internada com vários problemas de saúde devido à idade  avançada e outra moça ( uma jovem senhora, devia ter por volta de 55 anos)  vitimada pelo COVID-19, com a diferença de dias.

Minha tremedeira já passou. Mas o medo não passa.
Tenho fé. Tenho Deus comigo. E mesmo assim é difícil passar por isso. 
Quero ler, quero fazer mil atividades e não consigo.
Estou fazendo tudo para que meus filhos não percebam essa angústia. 
Mas ser mãe sozinha nesse contexto pesa mais do que nos outros dias. 
Só um desabafo por hoje. 
Vai passar. 


Fiquemos bem!
25.03.2020

terça-feira, 24 de março de 2020

Hoje

Um céu tão azul e raios de sol que iluminam por entre galhos frondosos das árvores do jardim da  praça. Mas não ouço risos de criança e nem vejo pessoas caminhando, como de costume.
A maioria não foi ao trabalho.
As aulas estão temporariamente suspensas.
Estamos todos fechados em casa.
Saudosos de um simples caminhar na rua.
O mundo brecou nossos sonhos.
E está nos fazendo pensar sobre nossas prioridades, nossa vida e atitudes.
Ainda esta semana saí bem cedo para caminhar com minha cachorra. Estava completamente deserto. E o mais triste e interessante é que a rua estava muito mais limpa do que costuma estar. Muito mais pássaros e insetos circulando entre as flores do caminho. Parecia até que a natureza estava mais feliz.
Nós estamos fazendo mal para o planeta e ele nos devolve na mesma moeda. Nós  plantamos o mal, e agora recebemos de volta as sementes lançadas.
Que a Mãe Terra nos perdoe.
Que haja tempo para melhorarmos.
Que possamos plantar sementes melhores e tenhamos tempo de colher.



domingo, 22 de março de 2020

Reticências. . .

Vejo amor e ira.
Percebo o melhor e o pior.
Sinto paz e terror.
Mas vibro fé.
Certa de que dias melhores sempre virão.
E que Deus é conosco.

sábado, 21 de março de 2020

Desejos de um dia cinza

Quero olhar para o passado e rir dos medos.
Encontrar com os amigos e dar um longo e apertado abraço.
Beijar meus familiares.
Estar no parquinho com meus filhos.
Tomar um café na mesa da cozinha da minha mãe.
Compartilhar as novidades e desejos com minha irmã, enquanto esperamos assar um bolo de chocolate.
Visitar pessoas queridas, que nem sempre estão por perto fisicamente.
Bater papo com o porteiro.
Puxar conversa na fila do mercado.
Andar na rua sem receios.
Entrar em uma loja para passar o tempo.
Demorar-me no passeio enquanto ando com minha cachorrinha.
Jogar conversa fora na mesa de um bar.
Dançar em uma festa de aniversário.
Tirar uma foto com as amigas, em frente a um lindo jardim.
Tomar café no balcão da padaria com alguém que paquero.
Levar um pedaço de torta recém assada para minha vizinha.

Anseio pela presença de um dia tranquilo e comum. Em que um ônibus cheio ou atraso na chegada não me causariam nada além do que um leve desconforto. Quero paz, saúde, amigos e normalidade de um dia de outono. E principalmente, que todos possamos ficar bem.



quinta-feira, 19 de março de 2020

A luz que ilumina nosso caminho . .

Existe um lugar dentro de nós onde o medo habita.
Alguns medos são bobos. Infantis. Não merecem atenção.
Mas outros nos auxiliam. Evitam conflitos. Nos afastam de algo que pode ser perigoso.
Já tive muitos medos.
Já superei muitos deles.
Alguns ainda permanecem comigo. Não ousei enfrentar. Embora saiba que o possa fazer. Preferi ignorar. Fingir que esqueci. Mas ainda estão aqui. Na minha lista futura de enfrentamentos.
Alguns outros medos são mais difíceis de lidar, medo daquilo que não podemos controlar.
Estamos vivendo esse tempo de medo generalizado, um receio enorme de uma doença que adoeceu parte do mundo. E que nos faz pensar na possibilidade de perdermos pessoas queridas e de nos perdermos diante do caos.
Mas dentro de nós também habita uma luz imensa que pode aliviar o que sentimos, se chama fé.
E é a certeza de que Ele está no leme de nossas vidas.
Que nesses tempos sombrios possamos acender essa luz.
Que fiquemos bem!

quarta-feira, 18 de março de 2020

Minhas verdades. . .

Da minha infância , sinto falta da energia alegre e inesgotável, da companhia de familiares queridos que já partiram para outra esfera e da inocência típica dos primeiros anos. Todos eram bons. Tudo era alegria. Felicidade era estar correndo com os cabelos suados e os chinelos havaianas gastos pelo tempo. Eu não queria crescer. Mas não tive sucesso nessa decisão.
Recordando a adolescência , sinto falta da impetuosidade daqueles anos , da coragem para enfrentar  o mundo e da ausência do medo de errar, tudo era bem-vindo, mesmo os riscos. Tudo poderia ser. Eu achava que o tempo não passaria tão rápido. Mas ele sempre segue seus ponteiros , seu ritmo e vontade. E ele passou. 
Temos a maior parte da vida para sermos adultos. Eu não sabia. Não sei se alguém decifra essa mensagem antes de amadurecer. 
Às vezes, me pego querendo voltar ao passado e mudar algumas situações. Não sou a única. Haja visto que tantos escreveram, sonharam e pensaram em uma máquina do tempo. Infelizmente ou não, nossa tecnologia não chegou a tanto. E temos que viver apesar das más escolhas, dos arrependimentos pelo que fizemos ou pelo que deixamos de fazer. Mas a nostalgia dos tempos passados também pode ser positiva.
Olhar para trás e perceber o quanto éramos ricos de afeto na infância me faz querer ser uma mãe melhor, me faz querer que meus filhos tenham o mesmo que tive (emocionalmente falando). Assim como perceber o motivo das atitudes que tomei enquanto adolescente, me fazem perceber o mundo ' teen' com olhos não tão duros. 
Crescer de verdade dói,  é estar disponível para mudar. 
Hoje falo frases que minha mãe falava. Consigo rever meu passado no presente, mas estou em outro papel. A maturidade é realmente construída pelas experiências. Há situações que só quando vivemos é que iremos entender. 
Ser adulto não é fácil, é saber lidar com erros e acertos, sem culpar ninguém além da nossa possibilidade de resposta em determinado momento.
Vivemos tentando fazer nosso melhor. Muitas vezes, nosso melhor é 'ruim pra caramba'. 
Cada um leva um tempo para  assimilar o aprendizado e há alguns que nem chegam a aprender. 
Eu sou uma eterna aprendiz. Conflitos mil. Várias culpas. Neuroses. Mas que tem a vida perfeita?

Muitos me elogiam por ser uma mãe solo. Particularmente, não me vejo como heroína e nem nada disso. Apenas fiz o que deveria ter feito. Tomei decisões, assumi posições e as mantenho.
Optei pela consciência tranquila, por estar vivendo uma verdade em vez de atuar em uma farsa.  Para mim, ter caráter é ter atitudes compatíveis com as falas e ser responsável por suas escolhas, sejam elas boas ou não. Não tolero pessoas que não assumem o que querem, que mentem covardemente, que causam situações e fingem que nada fizeram. Ou seja, essas pessoas não fazem mais parte da minha vida.

Vejo tantos casamentos desfeitos por tão pouco. Tantas pessoas que não tentam ser felizes juntas. 
Eu tentei. Nunca me casei para me separar. Quando você escolhe um parceiro de vida não imagina que ele pode não querer trilhar o mesmo caminho que você. Contudo, isso acontece mais do que a realidade da nossa bolha social. Muitos se perdem na ilusão de que a grama do vizinho é mais verde do que a própria, sem perceber que o vizinho tem grama artificial.  

Enfim, vida que segue. 
Rumo incerto.
Coração aberto.
E a mala cheia de aprendizados.










terça-feira, 17 de março de 2020

Caminhadas

Um dia a vida vem e nos endurece.
E nosso semblante se fecha.
Não há mais sorrisos fáceis.
Tudo fica cinza e triste.
Somos julgados.
E condenados.
Ninguém quer a visita da infelicidade.
Ou a companhia de situações difíceis.
As pequenas alegrias não trazem conforto.
É muito pesado o fardo do sofrimento.
E muito difícil fingir tranquilidade diante do caos.
Estive num buraco muito fundo.
Caindo e caindo até perder os sentidos.
Pensei que não voltaria de lá.
Imaginei que me afogaria em meus sentimentos.
A decepção é uma facada nua e crua na alma.
Desfazer sonhos é um choque de realidade cruel.

Outro dia, a vida vem e nos resgata.
O choro cessa.
A rudeza diária nos abandona.
E nosso sorriso se abre outra vez.
A dor passa a ser um incômodo suportável.
A luz reaparece em nosso caminho.
As decepções tornam-se lembranças distantes.
Passamos a ter uma outra chance.
Somos absolvidos.
As pequenas alegrias se transformam em grandes e lindos momentos.
Fica fácil se reerguer diante da ajuda de alguém.
Você passa a refazer seus passos e ganha um novo caminho.
A esperança é um sopro de vida que nos acalenta
Refazer sonhos passa a ser possível.
Celebrar cada passo é uma vitória sem tamanho.

Um dia finalmente a gente aprende a lidar com os percalços do caminho.
A tolerar a dureza de alguns dias. E a celebrar as conquistas no bem.
Estar vivo é aprender todos os dias a ser e estar melhor.






segunda-feira, 16 de março de 2020

Como a gente se apaixona?
Será que escolhemos ou somos escolhidos?
Eu tenho muitas teorias, tantas quanto minhas dúvidas piscianas sobre o universo.
Adoraria ter certezas e uma bola de cristal. Quem não gostaria de perguntar sobre  seu possível futuro com alguém? Adivinhar de quem seria o próximo beijo ou se aquele amor platônico é recíproco...
Já tive muitos amores platônicos e  a maioria não deu certo.
Depois que a gente envelhece fica ainda pior. Temos mais medo do que já tivemos na vida. Ainda mais quando temos algumas histórias ruins no quesito relacionamento. Temos medo do risco de sofrer. Deveria ser o contrário, ansiarmos pela possibilidade de podermos ter alguém para somar, para dividir, para ampliar nossos sorrisos e sonhos.
Eu ainda estou na parte do medo.
Da expectativa.
Do não saber que caminho seguir.
Não sou infeliz.
Mas poderia ser muito mais feliz do que estou agora.
Diria minha filha : "Gente grande complica tudo." E ela está coberta de razão.