sábado, 28 de março de 2020

Em busca do equilíbrio

Oscilar é o verbo do meu momento.
Há dias que estou bem e muitíssimo esperançosa.
E outros estou com raiva ou triste. 
Os discursos vazios que fazem piada com os cuidados que devemos ter ou que minimizam a dor da morte me machucam imensamente. 
Creio que é um momento de aprendizado interno e externo.
De organizarmos nossas bagunças.
De buscarmos outros caminhos.
De sermos mais corajosos. 
O mais difícil para mim é não me abater diante de pensamentos negativos que brotam aos montes nesse contexto pesado que enfrentamos. Não poder abraçar meus familiares nesse momento também me oprime bastante.
Apesar dessa névoa que nos rodeia , sei que há forças positivas no universo trabalhando pelo nosso bem. Isso me dá muita força. 
Aos anjos, aos amigos espirituais, aos elementos mágicos da natureza e toda boa energia dos mundos eu agradeço a proteção e continuo acreditando no poder da fé, do amor e de Deus.
Que isso passe logo. Que possamos reencontrar nossos familiares, amigos e nossa melhor parte diante de tudo isso. 

quinta-feira, 26 de março de 2020

Reflexões que a solteirice me traz. . .

Dizem que existe uma regra de etiqueta na paquera.
Mas eu não li esse livro e nem nada do tipo. Não tenho a menor paciência.
Embora tenha paquerado muito em uma vida anterior, desaprendi a flertar.
Já roubei beijos, já fui direto ao assunto, já mandei flores.
Já disse não querendo dizer sim. Aprendi a perder oportunidades e lidar com a frustração posterior. 
E também disse sim querendo dizer não. Disso me arrependo mais.
Hoje não consigo nem encarar alguém por muito tempo. O pensamento vai tão longe e imagino tantas coisas loucas. Quando percebo, o tempo já passou. Já desisti antes de tentar. Não que eu seja frágil  ou espere um príncipe. Mas acho que cansei. Cansei de querer agradar alguém só porque achei bonito, atraente ou interessante. Sabe quando você não está a fim de se auto promover? Simplesmente cansei de querer agradar. Acho que se o amor tiver que aparecer, não será por meio de uma aproximação forçada.
Sou incapaz de me cadastrar em um aplicativo ou site de relacionamentos, como o Tinder ou algo do tipo. Nem em salas de bate-papo entrei quando era jovenzinha... Agora que não entro mais!
Percebo que cansei de conversas que não levam a lugar nenhum, de gente querendo mostrar o que não é ou sendo simpática de uma maneira irritante. Quero ser conquistada por um bom papo, por atitudes condizentes com as palavras. Quero me apaixonar por acaso, não por desespero.
Hoje , assistindo a novela Éramos Seis, em que Lola e Afonso se casam depois de muito se desencontrarem, fiquei emocionada. Porque o amor é lindo, vale à pena e pode acontecer em qualquer momento. 
Acho que em algum lugar tem alguém como eu, querendo as mesmas coisas que eu quero. Que goste de ir para um barzinho bater papo, que goste de música dos anos 80, que também aprecie ficar em casa, que nem sempre esteja de bom humor. Não tem características físicas definidas por alguma tribo específica. Alguém com personalidade , bons beijos e enorme coração. Sigo esperando pra trombar na contramão. Será que ele vem? 



quarta-feira, 25 de março de 2020

Desassossego

É um exercício diário manter a sanidade e a tranquilidade nesses dias de caos que temos vivido.
Estamos em distanciamento social, evitando contato para não adoecermos.
É uma prática necessária mas bastante desgastante principalmente para quem é ansioso.
Ontem, o presidente da república fez um pronunciamento lamentável minimizando todo esse engajamento na quarentena e dizendo que as pessoas deveriam voltar a trabalhar. O mundo todo está errado , na visão dele. E muitos acham que é tudo uma grande bobagem. Ouvir isso me deu até dor de cabeça. Fiquei abismada com tanto despreparo, egoísmo e arrogância. Ele deveria resolver conflitos, prover soluções.
Alguns dizem que estamos todos no mesmo barco. Não, não estamos.
Há barcos, iates, botes e há quem precise nadar somente com o próprio esforço físico. O grande empresário tem os melhores médicos e o melhor acesso aos hospitais. A maioria não tem.  Eles têm fundos de reserva, vários imóveis e dinheiro no exterior. A maioria tem o dinheiro contado para a condução. Eu não quero adoecer e não quero que as pessoas ao meu redor adoeçam.
O grande empresário não se importa com quem vai fazer o trabalho, ele quer que alguém o faça. Morreu, substitui. Faltou, substitui. E assim, muitos não tem opções. Ou morrem de fome ou da doença. E sim, as pessoas estão morrendo. Creio que os números informados pela televisão sejam menores do que dizem. Somente quando se instalar o verdadeiro caos é que teremos noção do estrago causado por esse vírus. Gostaria de estar errada ou alienada nesse momento. O sofrimento psíquico seria menor.

Hoje tocaram minha campainha, uma senhora que mora sozinha veio me perguntar se eu sabia quem havia morrido. Ela manteve a distância da minha porta entreaberta unicamente porque minha cachorra ladrava enlouquecida entre minhas pernas. Passei as informações básicas. Logo entrei. Mas fica uma sensação muito estranha, taquicardia, medo, receio, cabeça fervilhando.  
E sim, houve duas mortes nesse mês no meu bloco. Uma senhora que já estava internada com vários problemas de saúde devido à idade  avançada e outra moça ( uma jovem senhora, devia ter por volta de 55 anos)  vitimada pelo COVID-19, com a diferença de dias.

Minha tremedeira já passou. Mas o medo não passa.
Tenho fé. Tenho Deus comigo. E mesmo assim é difícil passar por isso. 
Quero ler, quero fazer mil atividades e não consigo.
Estou fazendo tudo para que meus filhos não percebam essa angústia. 
Mas ser mãe sozinha nesse contexto pesa mais do que nos outros dias. 
Só um desabafo por hoje. 
Vai passar. 


Fiquemos bem!
25.03.2020

terça-feira, 24 de março de 2020

Hoje

Um céu tão azul e raios de sol que iluminam por entre galhos frondosos das árvores do jardim da  praça. Mas não ouço risos de criança e nem vejo pessoas caminhando, como de costume.
A maioria não foi ao trabalho.
As aulas estão temporariamente suspensas.
Estamos todos fechados em casa.
Saudosos de um simples caminhar na rua.
O mundo brecou nossos sonhos.
E está nos fazendo pensar sobre nossas prioridades, nossa vida e atitudes.
Ainda esta semana saí bem cedo para caminhar com minha cachorra. Estava completamente deserto. E o mais triste e interessante é que a rua estava muito mais limpa do que costuma estar. Muito mais pássaros e insetos circulando entre as flores do caminho. Parecia até que a natureza estava mais feliz.
Nós estamos fazendo mal para o planeta e ele nos devolve na mesma moeda. Nós  plantamos o mal, e agora recebemos de volta as sementes lançadas.
Que a Mãe Terra nos perdoe.
Que haja tempo para melhorarmos.
Que possamos plantar sementes melhores e tenhamos tempo de colher.



domingo, 22 de março de 2020

Reticências. . .

Vejo amor e ira.
Percebo o melhor e o pior.
Sinto paz e terror.
Mas vibro fé.
Certa de que dias melhores sempre virão.
E que Deus é conosco.

sábado, 21 de março de 2020

Desejos de um dia cinza

Quero olhar para o passado e rir dos medos.
Encontrar com os amigos e dar um longo e apertado abraço.
Beijar meus familiares.
Estar no parquinho com meus filhos.
Tomar um café na mesa da cozinha da minha mãe.
Compartilhar as novidades e desejos com minha irmã, enquanto esperamos assar um bolo de chocolate.
Visitar pessoas queridas, que nem sempre estão por perto fisicamente.
Bater papo com o porteiro.
Puxar conversa na fila do mercado.
Andar na rua sem receios.
Entrar em uma loja para passar o tempo.
Demorar-me no passeio enquanto ando com minha cachorrinha.
Jogar conversa fora na mesa de um bar.
Dançar em uma festa de aniversário.
Tirar uma foto com as amigas, em frente a um lindo jardim.
Tomar café no balcão da padaria com alguém que paquero.
Levar um pedaço de torta recém assada para minha vizinha.

Anseio pela presença de um dia tranquilo e comum. Em que um ônibus cheio ou atraso na chegada não me causariam nada além do que um leve desconforto. Quero paz, saúde, amigos e normalidade de um dia de outono. E principalmente, que todos possamos ficar bem.



quinta-feira, 19 de março de 2020

A luz que ilumina nosso caminho . .

Existe um lugar dentro de nós onde o medo habita.
Alguns medos são bobos. Infantis. Não merecem atenção.
Mas outros nos auxiliam. Evitam conflitos. Nos afastam de algo que pode ser perigoso.
Já tive muitos medos.
Já superei muitos deles.
Alguns ainda permanecem comigo. Não ousei enfrentar. Embora saiba que o possa fazer. Preferi ignorar. Fingir que esqueci. Mas ainda estão aqui. Na minha lista futura de enfrentamentos.
Alguns outros medos são mais difíceis de lidar, medo daquilo que não podemos controlar.
Estamos vivendo esse tempo de medo generalizado, um receio enorme de uma doença que adoeceu parte do mundo. E que nos faz pensar na possibilidade de perdermos pessoas queridas e de nos perdermos diante do caos.
Mas dentro de nós também habita uma luz imensa que pode aliviar o que sentimos, se chama fé.
E é a certeza de que Ele está no leme de nossas vidas.
Que nesses tempos sombrios possamos acender essa luz.
Que fiquemos bem!

quarta-feira, 18 de março de 2020

Minhas verdades. . .

Da minha infância , sinto falta da energia alegre e inesgotável, da companhia de familiares queridos que já partiram para outra esfera e da inocência típica dos primeiros anos. Todos eram bons. Tudo era alegria. Felicidade era estar correndo com os cabelos suados e os chinelos havaianas gastos pelo tempo. Eu não queria crescer. Mas não tive sucesso nessa decisão.
Recordando a adolescência , sinto falta da impetuosidade daqueles anos , da coragem para enfrentar  o mundo e da ausência do medo de errar, tudo era bem-vindo, mesmo os riscos. Tudo poderia ser. Eu achava que o tempo não passaria tão rápido. Mas ele sempre segue seus ponteiros , seu ritmo e vontade. E ele passou. 
Temos a maior parte da vida para sermos adultos. Eu não sabia. Não sei se alguém decifra essa mensagem antes de amadurecer. 
Às vezes, me pego querendo voltar ao passado e mudar algumas situações. Não sou a única. Haja visto que tantos escreveram, sonharam e pensaram em uma máquina do tempo. Infelizmente ou não, nossa tecnologia não chegou a tanto. E temos que viver apesar das más escolhas, dos arrependimentos pelo que fizemos ou pelo que deixamos de fazer. Mas a nostalgia dos tempos passados também pode ser positiva.
Olhar para trás e perceber o quanto éramos ricos de afeto na infância me faz querer ser uma mãe melhor, me faz querer que meus filhos tenham o mesmo que tive (emocionalmente falando). Assim como perceber o motivo das atitudes que tomei enquanto adolescente, me fazem perceber o mundo ' teen' com olhos não tão duros. 
Crescer de verdade dói,  é estar disponível para mudar. 
Hoje falo frases que minha mãe falava. Consigo rever meu passado no presente, mas estou em outro papel. A maturidade é realmente construída pelas experiências. Há situações que só quando vivemos é que iremos entender. 
Ser adulto não é fácil, é saber lidar com erros e acertos, sem culpar ninguém além da nossa possibilidade de resposta em determinado momento.
Vivemos tentando fazer nosso melhor. Muitas vezes, nosso melhor é 'ruim pra caramba'. 
Cada um leva um tempo para  assimilar o aprendizado e há alguns que nem chegam a aprender. 
Eu sou uma eterna aprendiz. Conflitos mil. Várias culpas. Neuroses. Mas que tem a vida perfeita?

Muitos me elogiam por ser uma mãe solo. Particularmente, não me vejo como heroína e nem nada disso. Apenas fiz o que deveria ter feito. Tomei decisões, assumi posições e as mantenho.
Optei pela consciência tranquila, por estar vivendo uma verdade em vez de atuar em uma farsa.  Para mim, ter caráter é ter atitudes compatíveis com as falas e ser responsável por suas escolhas, sejam elas boas ou não. Não tolero pessoas que não assumem o que querem, que mentem covardemente, que causam situações e fingem que nada fizeram. Ou seja, essas pessoas não fazem mais parte da minha vida.

Vejo tantos casamentos desfeitos por tão pouco. Tantas pessoas que não tentam ser felizes juntas. 
Eu tentei. Nunca me casei para me separar. Quando você escolhe um parceiro de vida não imagina que ele pode não querer trilhar o mesmo caminho que você. Contudo, isso acontece mais do que a realidade da nossa bolha social. Muitos se perdem na ilusão de que a grama do vizinho é mais verde do que a própria, sem perceber que o vizinho tem grama artificial.  

Enfim, vida que segue. 
Rumo incerto.
Coração aberto.
E a mala cheia de aprendizados.










terça-feira, 17 de março de 2020

Caminhadas

Um dia a vida vem e nos endurece.
E nosso semblante se fecha.
Não há mais sorrisos fáceis.
Tudo fica cinza e triste.
Somos julgados.
E condenados.
Ninguém quer a visita da infelicidade.
Ou a companhia de situações difíceis.
As pequenas alegrias não trazem conforto.
É muito pesado o fardo do sofrimento.
E muito difícil fingir tranquilidade diante do caos.
Estive num buraco muito fundo.
Caindo e caindo até perder os sentidos.
Pensei que não voltaria de lá.
Imaginei que me afogaria em meus sentimentos.
A decepção é uma facada nua e crua na alma.
Desfazer sonhos é um choque de realidade cruel.

Outro dia, a vida vem e nos resgata.
O choro cessa.
A rudeza diária nos abandona.
E nosso sorriso se abre outra vez.
A dor passa a ser um incômodo suportável.
A luz reaparece em nosso caminho.
As decepções tornam-se lembranças distantes.
Passamos a ter uma outra chance.
Somos absolvidos.
As pequenas alegrias se transformam em grandes e lindos momentos.
Fica fácil se reerguer diante da ajuda de alguém.
Você passa a refazer seus passos e ganha um novo caminho.
A esperança é um sopro de vida que nos acalenta
Refazer sonhos passa a ser possível.
Celebrar cada passo é uma vitória sem tamanho.

Um dia finalmente a gente aprende a lidar com os percalços do caminho.
A tolerar a dureza de alguns dias. E a celebrar as conquistas no bem.
Estar vivo é aprender todos os dias a ser e estar melhor.






segunda-feira, 16 de março de 2020

Como a gente se apaixona?
Será que escolhemos ou somos escolhidos?
Eu tenho muitas teorias, tantas quanto minhas dúvidas piscianas sobre o universo.
Adoraria ter certezas e uma bola de cristal. Quem não gostaria de perguntar sobre  seu possível futuro com alguém? Adivinhar de quem seria o próximo beijo ou se aquele amor platônico é recíproco...
Já tive muitos amores platônicos e  a maioria não deu certo.
Depois que a gente envelhece fica ainda pior. Temos mais medo do que já tivemos na vida. Ainda mais quando temos algumas histórias ruins no quesito relacionamento. Temos medo do risco de sofrer. Deveria ser o contrário, ansiarmos pela possibilidade de podermos ter alguém para somar, para dividir, para ampliar nossos sorrisos e sonhos.
Eu ainda estou na parte do medo.
Da expectativa.
Do não saber que caminho seguir.
Não sou infeliz.
Mas poderia ser muito mais feliz do que estou agora.
Diria minha filha : "Gente grande complica tudo." E ela está coberta de razão.